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Revolta da Chibata Características


A revolta da chibata aconteceu em 1910 e foi um dos mais importantes movimentos urbanos dentro do período da história brasileira conhecida como República Oligárquica. A palavra “oligarquia” se dá a partir da junção dos termos “oligo” e “arquia”, que significa basicamente um governo ou poder de poucos, concentrado na mão de classes específicas. No Brasil isso foi visto a partir da República da Espada, logo após o início do regime republicano no país, com o poder concentrado nas mãos de militares e depois muito marcado pela política do café com leite, quando políticos de Minas Gerais e São Paulo se revezaram à frente da cadeira de Presidente da República.

Apresentado um breve contexto do momento no Brasil, é hora de ir efetivamente ao cenário que eclodiu na Revolta da Chibata. Vale lembrar novamente que esse movimento entra no escopo dos movimentos urbanos brasileiros, junto com outras revoltas do período, como a Revolta da Vacina de 1904 e as greves que tiveram espaço ao longo da década de 1910.

A Revolta da Chibata aconteceu no contexto dos marinheiros de baixa patente, especialmente os baseados no Rio de Janeiro, capital federal à época. Essa classe estava completamente subjugada não apenas no sentido da hierarquia de patentes militares, mas também sofria com salários muito baixos e sem reajustes às novas realidades econômicas do século XX. Além disso  as jornadas de trabalho eram exaustivas e não permitiam que os marinheiros pudessem ocupar seu tempo com outras atividades que lhes complementassem a renda.

O nome da revolta apresenta outra condição que levou ao estopim da revolta dos marinheiros de baixa patente. A maioria desses trabalhadores era negra e, portanto, ex-escravos ou descendentes diretos deles, uma vez que o regime escravocrata foi abolido no Brasil apenas em maio de 1888. O fim da escravidão de forma jurídica não significa dizer que os trabalhadores encontrariam uma nova vida e que os regimes de trabalho não seria moldados por condições análogas às que viveu o Brasil durante mais de três séculos.

Após a Proclamação da República em novembro de 1889, os castigos físicos foram oficialmente proibidos dentro do ambiente de trabalho, mas, como já foi dito, a realidade não opera necessariamente assim como dizem as novas leis. Os castigos físicos eram comuns como punição aos marinheiros de baixa patente e por isso o movimento ficou conhecido como a “Revolta da Chibata”. O movimento ganhou força dentro de uma classe formada por negros, mestiços, pobres de uma forma geral e até órfãos recrutados pelas forças armadas.

O  movimento se iniciou após a punição exercida sobre o marinheiro Marcelino Rodrigues, que foi submetido a 250 chibatadas nas costas. Inconformados, os marinheiros que operavam os encouraçados Minas Gerais e São Paulo (os mais importantes da frota brasileira) começaram a reivindicar a implementação de folgas semanais, melhores salários e o fim das punições de castigos corporais. Os marinheiros foram liderados por João Cândido Felisberto, apelidado de “Almirante Negro”.

Os revoltosos tomaram conta dos encouraçados na costa da cidade do Rio de Janeiro e enviaram um telegrama à Presidência da República informando que se suas reivindicações não fossem atendidas eles bombardeariam a capital federal.

Sem outra alternativa, o Congresso Nacional aprovou o fim dos castigos e anunciou anistia aos participantes da revolta. No entanto, a anistia foi revogada logo após o fim do movimento e os revoltosos passaram a ser brutalmente perseguidos. Poucos sobreviveram após a repressão e os que conseguiram escapar vivos foram enviados à Amazônia com pena de trabalhos forçados nos seringais. O líder da revolta, o Almirante Negro João Cândido Felisberto foi forçadamente encaminhado para um hospital para doentes mentais, inocentado em 1912 e viveu o resto de sua vida às margens da sociedade.