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Colonização da América Espanhola


A colonização da América Espanhola é o nome dado à conquista e manutenção das colônias pela Espanha para com países da recém-descoberta América. Atualmente, os países colonizados pela Espanha são denominados países latinos (com exceção do Brasil, o qual é um país latino, mas não foi colonizada pela Espanha e sim por Portugal).

Descobrimento da América

Colonização da América Espanhola

            O descobrimento da América pelos portugueses é datado do dia 12 de Outubro de 1492, pelo navegador de Gênova, Cristóvão Colombo. Nessa época, as rotas comerciais com o objetivo de buscar especiarias da Índia e comercializá-las na Europa eram dominadas pela Itália, mais especialmente pelos mercados de Veneza e Gênova, os quais usavam o Mar Mediterrâneo para atingir seus objetivos.

Cristóvão Colombo era natural de Gênova, mas, ao apresentar suas novas rotas baseadas nas teorias de uma terra redonda para seus comandantes, foi ridicularizado. Com isso, apresentou suas ideias para o reino da Espanha.

Os vigentes monarcas católicos da Espanha Fernando de Aragão e Isabel de Castela financiaram as viagens de Cristóvão Colombo, visto que ansiavam por uma participação no comércio de especiarias, que movimentava a economia da época na Europa. A proposta de Colombo era o financiamento de barcos e caravelas que fossem fortes e resistentes o bastante para suportar os grandes oceanos que o esperavam na viagem para as Índias, tendo em vista que o navegante queria chegar aos países do Oriente circundando o planeta.

Ao chegar em terra firme, o navegante pensara estar atracando no Oriente e, por isso, chamou os nativos de índios (daí a nomenclatura). Contudo, Colombo surpreendeu-se com novas terras descobertas, que viriam a serem chamadas atualmente de Bahamas, Cuba e Santo Domingo. Apesar disso, o navegante ainda acreditava ter chegado às Índias, o que o fez comandar novas viagens, descobrindo assim as Antilhas, o Panamá e a América do Sul.

Apenas no ano de 1504 que Américo Vespúcio deu às terras a classificação de um novo continente, chamados por eles de “Novo Mundo”. Outra excursão de confirmação foi feita   em 1513 por Nunes Balboa, que nomeou o território de América, em homenagem a Vespúcio. O ano de 1519 foi marcado pela primeira viagem a qual realmente circulou o planeta. Protagonizada por Fernão de Magalhães, a esquadra partiu de Cádiz e, passando pelo Estreito de Magalhães, chegou à Ásia.

Após o descobrimento desse novo continente, os países que protagonizavam essas viagens acabariam por se tornar metrópoles mercantilistas, ou seja, exploravam as riquezas de suas colônias com o único objetivo de enriquecimento da nação. Contudo, os conflitos referentes ao pertencimento das terras eram constantes e, por isso, foi assinado o Tratado de Tordesilhas.

O Tratado de Tordesilhas

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo protagonizado pelos reinos de Portugal e Espanha, que buscavam dividir as terras recém-descobertas devido às Grandes Navegações do final do século XV. Foi ratificado pelo reino espanhol no dia 2 de julho e pelo reino português no dia 5 de Setembro de 1494.

O acordo foi decorrido diante de um pedido de Dom João II de reformulação de outro tratado que havia sido feito: A Bula Inter Coetera de 1493. Este último estabelecia uma linha imaginária de pertencimento dos países, que ficaria a 100 léguas de Cabo Verde, na África. Nesta linha, tudo que estivesse a Oeste seria de domínio espanhol, e tudo que estivesse a Leste seria de domínio português. Contudo, tal divisão não seria benéfica para Portugal, tendo em vista que, com essa distância o reino não receberia nenhuma terra das Américas.

Diante disso, o monarca Dom João II pediu a retificação da Bula. Essa reformulação passaria a ser chamada de Tratado de Tordesilhas e consistiria na seguinte divisão: uma linha imaginária seria colocada a 370 léguas a Oeste de Cabo Verde. Deste modo, como na Bula, tudo que estaria a Oeste da linha seria de posse espanhola e tudo que estaria a Leste seria de posse portuguesa.

Essa divisão voltaria a não ser respeitada, resultando no Tratado de Madri, assinado em 1750. Essa demarcação era bem próxima ao território do Brasil atualmente.

A Colônia Espanhola

Em 1517, com o término dos conflitos com os muçulmanos na península Ibérica, A Espanha voltou suas atenções para suas colônias nas Américas. Os europeus encontraram, no novo continente, metais preciosos, os quais passaram a ser a base da economia do reino.

A Espanha adotou um tipo de colonização mercantilista. Esse comportamento levou à elaboração do “pacto colonial”. Este dizia que as colônias só poderiam comercializar com a metrópole, de modo que estas retiravam as riquezas das terras conquistadas e mandavam para os reinos na Europa.

Conflitos

Os combates com os nativos foram sangrentos e sucessivos, de forma que esses confrontos são considerados massacres dos europeus para com os indígenas. Por possuírem vantagem bélica, espadas mais robustas e armas de fogo, além de cavalos, os espanhóis tinham grande vantagem no campo de batalha, o que resultou na dizimação de civilizações inteiras, tais como Astecas, Incas e Maias. Além disso, o poder de combate dos europeus fazia com que os indígenas aceitassem as alianças propostas, gerando sucessivos combates entre diferentes povos nativos.

 

Formas de trabalho

Os espanhóis, em teoria, condenavam a escravidão dos indígenas. Contudo, em algumas minas, principalmente da América Andina, essa prática era feita. Nos outros campos os espanhóis usavam um tipo de trabalho que, apesar não ser a escravidão em si, assemelhava-se a esse tipo de tratamento, chamado de trabalho compulsório.

O Trabalho Compulsório era feito de duas formas diferentes: o repartimiento e a encomienda.

  • Repartimiento: Era uma forma de trabalho compulsório já conhecida pelos nativos, visto que era feita pelas civilizações Incas e Astecas. Consistia em uma espécie de sorteio entre os indivíduos de certa sociedade, em que os sorteados deveriam trabalhar nas terras do colonizador durante um certo período de tempo. Após esse tempo, a pessoa era liberada e ganhava uma pequena quantia financeira pelo seu trabalho.
  • Encomienda: A encomienda consistia em uma forma de trabalho compulsório, na qual o rei espanhol designava em Este poderia explorar a mão-de-obra de toda uma comunidade indígena que, em troca, forneceria a catequização de todos os indivíduos daquela sociedade. Em teoria, o comandante não poderia dizimar aquela comunidade e seu poder se estendia por duas gerações.

A importação de africanos não foi comum na América Espanhola tal como foi na colonização do Brasil. Contudo, em alguns lugares, como no Caribe, as populações indígenas foram inteiramente dizimadas, o que resultou em uma substituição do trabalho destes pelo trabalho nos negros africanos.

O trabalho destinado para estes indivíduos também era compulsório. Neste tipo, os espanhóis prometiam aos africanos chances de trabalho nas Américas. Contudo, ao chegarem aos territórios, encontravam condições precárias de trabalho. Além disso, a compensação financeira era baixa, e os donos das minas cobravam pela estadia e alimentação, o que fazia com que os africanos estivessem sempre devendo, impossibilitando-os de irem embora.

A sociedade nas colônias

A violência para com os nativos era atividade constante dos metropolitanos nas colônias espanholas. Tendo em vista que era rara a presença de mulheres espanholas, os conquistadores abusavam de indígenas, o que deu origem à camada dos mestiços.

 

 

A pirâmide social da época era divida, basicamente, em três partes:

  • Chapetones: Eram os maiores cargos da colônia, destinados a europeus nomeados pelo próprio rei. Constituíam a elite colonial;
  • Criollos: Eram, basicamente, os filhos dos chapetones. Estavam uma camada a baixo na pirâmide social, pois eram nascidos na colônia. Entretanto, faziam parte da Nobreza e dispunham de grandes privilégios sociais e econômicos;
  • Negros, índios e mestiços: Integravam divisão mais baixa da sociedade. Eram aqueles que trabalhavam nas minas.

Administração das colônias

As colônias eram controladas pela metrópole através da Casa de Contratação, instituição que tinha sede na Espanha, primeiramente em Sevilha e posteriormente em Cádiz. O Conselho das Índias eram a representação do governo da metrópole nas colônias, e estes eram controlados pelos chapetones, os quais, como já citado anteriormente, eram a elite colonial.

Havia também os cabildos. Os cabildos eram os conselhos municipais, comandados também por chapetones diretamente indicados pela Coroa Espanhola. Eram responsáveis pelo policiamento, justiça e recolhimento de impostos e podem ser comparados com as capitanias, divisão do Brasil Colonial.

A primeira divisão bem definida da América Espanhola se deu no século XVII, quando são criados a Capitania Geral da Guatemala, a Capitania Geral da Venezuela, a Capitania Geral de Cuba e a Capitania Geral do Chile, além do Vice Reinado da Nova Espanha, Vice Reinado do Rio da Prata e o Vice Reinado de Nova Granada.

A Independência da América Espanhola

A independência da América espanhola teve seu início em 1810, aproximadamente 300 anos depois do descobrimento do novo continente. É comumente dividido em três partes por historiadores, que são:

  • Movimentos percursores (1780 – 1810);
  • Rebeliões fracassadas (1810 – 1816);
  • Rebeliões vitoriosas (1817 – 1824);

Movimentos percursores

Os movimentos percussores foram agitações que aconteceram antes das rebeliões, responsáveis por serem as causas do desejo de independência. Podem ser descritos como a independência dos Estados Unidos da América, a destituição do rei da Espanha (devido à invasão napoleônica), o apoio militar haitiano e o apoio financeiro da Inglaterra.

Rebeliões fracassadas

Com a destituição do rei da Espanha Fernando VII, quem ascendeu ao poder foi José Bonaparte. Contudo, este não detinha de prestígio entre os criollos, habitantes da colônia, pois estes eram fiéis ao monarca Fernando. Dessa maneira, estes não queriam ser comandados por uma metrópole liderada por Bonaparte, e iniciaram, aliados aos cabildos, confrontos de libertação em 1810.

Contudo, o poder bélico da metrópole era bem maior, o que resultou no fracasso dessas rebeliões, que se sucederam até 1816.

Rebeliões vitoriosas

Em 1815, Napoleão foi derrotado. Deste modo, as tropas inglesas puderam oferecer seu apoio financeiro e militar para as investidas dos criollos com a metrópole, o que resultaria em superioridade bélica dos colonos.

Cada território teve sua independência de forma separada e com diferentes líderes. A título de exemplo, Simón Bolivar liderou as independências de Venezuela, Equador e Colômbia. No Chile, Argentina e Peru as tropas foram comandadas por José de San Martin.

A independência dos territórios antes comandados pela Espanha se estendeu desde os anos 1810 (Argentina) até 1903 (Panamá). A década mais intensa e que protagonizou mais independências foi a década de 1830, anos em que países como Uruguai, Equador, Venezuela, Nova Granada, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e Honduras declararam emancipação.