A Revolução dos Bichos é um livro escrito por George Orwell – mesmo autor de 1984 – e publicado no ano de 1945 pela editora Secker and Warburg. O livro contou originalmente com 112 páginas e o seu nome original é “Animal Farm”.
A obra foi tida como um dos cem livros mais importantes da língua inglesa pela revista Times. O romance é uma sátira feita à União Soviética Comunista, mostrando como os valores foram invertidos ao longo do tempo. George Orwell se declara como um socialista democrático, tendo grande parte de suas obras dedicadas a combater o totalitarismo.
Para ele, a política e o regime promovido e mantido por Stalin ao longo dos anos foi como uma traição aos valores da Revolução Russa de 1917. No Brasil, os exemplares mais atuais são publicados pela Editora Companhia das Letras.
História de A Revolução Dos Bichos
(Atenção: essa sessão contém spoilers)
A história se passa na Quinta Manor, uma fazenda que é controlada pelo Sr. Jones. O velho e sábio porco Major, sentindo que a morte estava batendo a sua porta, decide reunir todos os animais da fazenda e partilhar de um velho desejo em seu coração: deixar de serem governados pelos homens e promover a sua própria sociedade, com valores justos e oportunidades iguais para todos, sem a exploração contínua do ser humano.
Nesse momento, Major ensina algumas canções importantes para os animais, exaltando assim a filosofia do Animalismo. Este, por sua vez, visava pregar a igualdade entre os animais e a não submissão a nenhum tipo de sistema que os explorassem. Os animais da fazenda se animam com a ideia e com as possibilidades de uma nova era próspera.
A ideia viria a se tornar realidade em um tempo próximo, não fosse pela morte do idealizador. No entanto, dois porcos inteligentes e letrados tomam a frente do movimento. Bola de Neve e Napoleão se reúnem algumas vezes para traçar estratégias para que a revolução fosse real e eles conseguissem expulsar o Sr. Jones da fazenda.
As ideias foram tomando corpo, mas faltava algum estopim para motivar todos da fazenda. Certo dia, Sr. Jones se esqueceu de dar comida aos animais, o que foi o acontecimento perfeito para o movimento. Com o comando dos dois porcos inteligentes, Napoleão e Bola de Neve, foi possível expulsar os seres humanos da fazenda. Nesse momento, o lugar passaria a se chamar Fazenda dos Bichos.
Além disso, logo depois da Revolução, sete mandamentos foram colocados para nortear como a sociedade deveria se portar dali para frente. Estes, por sua vez, tinham o objetivo de estabelecer o ser humano, que explorou os animais por gerações, como inimigos e, além disso, distanciar totalmente o modo de vida das espécies. Esses mandamentos eram:
1 – Qualquer um que andar sobre duas pernas é inimigo;
2 – Qualquer um que andar sobre quatro pernas ou possuir asas é amigo;
3 – Nenhum animal deverá usar roupas;
4 – Nenhum animal deverá dormir em camas;
5 – Nenhum animal deverá beber bebidas alcoólicas;
6 – Nenhum animal deverá matar outros animais;
7 – Todos os animais são iguais;
Os mandamentos seriam como uma forma de conduta para todos os habitantes daquela fazenda. No entanto, como havia algumas espécies que eram menos dotadas de inteligência do que outros – como as ovelhas, por exemplo –, essas frases poderiam ser um pouco complicadas. Por esse motivo, para essa população, só existia um mandamento: “quatro pernas é bom, duas pernas é mau”.
Houve algumas investidas dos humanos contra a fazenda dos animais, mas todas elas foram frustradas em primeiro momento. Os dois líderes, Bola de Neve e Napoleão, lutavam para que a fazenda funcionasse da maneira como deveria. No entanto, devido a uma sensação maior de poder, Napoleão faz acusações infundadas contra Bola de Neve, que sempre havia defendido aquele lugar.
O antigo companheiro expulsa Bola de Neve e começa a acusa-lo de várias maneiras durante toda a narrativa. Desse modo, cria-se um mito em torno do porco expulso, que começa a ser considerado como um traidor por todos da fazenda. Nesse momento, Napoleão comanda a fazenda sozinho e as coisas começam a mudar.
Primeiramente, comandados por Napoleão, os porcos começam a negociar com os maiores agricultores da região, com o objetivo de expandir os seus negócios. Por si só esse ato já seria uma traição aos velhos mandamentos, que não admitiam, de forma alguma, um contato amigável com os inimigos.
Para justificar isso, a classe mais alta da fazenda – comandada pelos porcos – diz que essa era uma ideia infundada de Bola de Neve e, como este era um traidor, a premissa não fazia sentido. Para se apropriar dos seus privilégios de vez, os porcos passam a viver na casa do Sr. Jones. Nesse momento, os mandamentos começam a ser mudados. Alguns exemplos:
4 – Nenhum animal poderá dormir em camas, caso estas estejam com lençóis;
5 – Nenhum animal poderá beber bebidas alcoólicas em excesso;
6 – Nenhum animal deverá matar outros animais, a não ser que tenha um motivo para tal;
7 – Todos os animais são iguais, porém alguns são mais iguais do que outros;
O hino ensinado pelo velho porco Major antes de falecer é banido. Isso se dá pelo fato de que nessa música é descrita uma sociedade perfeita, mas os porcos defendem que isso já foi alcançado, o que tira a necessidade de um hino que exalte a realidade. Nesse momento, Napoleão declara-se o líder de maneira unânime.
Os animais sofrem outros ataques humanos e, a partir desse pretexto, com a justificativa de que os recursos deveriam voltar-se para a “guerra”, as condições de trabalho diminuem e tudo que os outros animais – a não serem os porcos – comem, são rações, as mesmas que eram dadas por Sr. Jones.
A partir desse contexto a população não tem mais a certeza se a vida antes era pior ou melhor, mas é sempre persuadida com discursos de liberdade proclamados pelos porcos. Para coroar toda a mudança, os porcos passam a andar sobre as suas duas pernas traseiras. Nesse momento, o slogan dado aos animais mais simples é mudado para “Quatro pernas é bom, mas duas pernas é melhor!”.
No final do livro é possível ler uma fantástica cena. Os animais olham pela janela os porcos jogando cartas com os agricultores da cidade. Em uma visão bastante confusa, fica difícil distinguir dentro daquela casa quem são os porcos e quem são os humanos.