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Guerra das Vacinas


A Guerra das Vacinas, Guerra da Vacina ou Revolta da Vacina, foi uma revolta popular que aconteceu no Rio de Janeiro entre 10 e 16 de novembro de 1904, ou seja, logo no início do século passado. Diversos conflitos ocorreram essa semana em questão, principalmente pobres e as autoridades. Algumas pessoas confundem os motivos reais pelo qual essa revolta aconteceu, pois é necessário pensar o contexto atual daquela época.

A principal causa foi a campanha de vacinação compulsória contra a varíola, conduzida pelo governo brasileiro, liderada pelo médico público Dr. Oswaldo Cruz (que acabara de criar a Lei de Vacinação Obrigatória, cuja passagem pelo Congresso foi a faísca que desencadeou as revoltas). A grande maioria da população, composta por pessoas sem acesso à informação, não tinha conhecimento da forma como as vacinas funcionam e, portanto, não queria aceitá-la.

Outro ponto foi o clima de descontentamento popular com outras medidas tomadas pelo governo naquela época, que afetaram, claro, os mais pobres. Entre essas medidas, podemos destacar a renovação urbana da cidade do Rio de Janeiro, que deslocou milhares de pessoas para que o cortiço e a moradia pública pudessem ser destruídos (veja abaixo) para abrir caminho para a construção de avenidas, jardins e edifícios mais modernos.

Durante o evento, muitas pessoas não quiseram receber os profissionais de saúde em suas casas e reagiram violentamente em relação à ideia de que poderiam ser forçadas a tomar uma vacina. O povo revoltou-se atacando e condenando muitas propriedades públicas, como prédios e lojas. Além disso, eles removeram partes dos trilhos dos trilhos e derrubaram os próprios troles.

O governo reagiu suspendendo temporariamente o programa obrigatório de vacinação, suspendeu os direitos das pessoas e trouxe o exército para lidar com eles. Depois de 30 mortes e 100 feridos, os militares tinham as coisas sob controle e o programa foi restabelecido.

Um detalhe adicional, mas importante, que não foi mencionado acima, é que o Dr. Cruz criou as Brigadas Mata Mosquitos, grupos de trabalhadores de serviços sanitários que entraram em casas para exterminar os mosquitos que transmitiam a febre amarela. A campanha também trabalhou para exterminar ratos que transmitiram a peste bubônica, distribuindo veneno para ratos e exigindo manuseio, armazenamento e coleta de lixo adequados.

Motivações para a Guerra das Vacinas 

A Guerra das Vacinas aconteceu principalmente por dois motivos:

  • Houve na época um clima de agitação civil após algumas ações governamentais que afetaram as pessoas que vivem nas favelas. A reforma urbana que ocorreu antes resultou no despejo de milhares de pessoas e na destruição dessas residências para que o governo pudesse construir ruas, parques e edifícios mais modernos.
  • Nesse contexto, os agentes de saúde invadiriam as residências com a Polícia Militar e vacinariam as pessoas contra sua vontade.

Agora, imagine isso acontecendo em um tempo e lugar onde a maioria da população não sabia o que era uma vacina e onde os jornais estavam dizendo que a vacina deveria ser administrada nos genitais.

Mesmo que o medo da vacinação esteja no centro do tumulto, não foi um motim anti-vacinação. Foi um tumulto contra a violência e o abuso de poder que as pessoas do Rio de Janeiro enfrentavam diariamente naquela época, e ainda enfrentam hoje. Fazer uma revolta apenas contra a vacinação ou compará-las ao movimento anti-vacinação é completamente incorreto.