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Caatinga – Biomas Brasileiros


O Brasil é um país de tamanho continental, ocupando a quinta colocação entre os maiores territórios do mundo. Com mais de 8,5 milhões de km² (quilômetros quadrados), é um dos países com mais diversidade de biomas no mundo.

Biomas são espaços geográficos delimitados. Essas delimitações derivam de características naturais do meio, como a vegetação, solo, clima, altitude, dentre outros. O bioma brasileiro que vamos tratar e conhecer mais a fundo nesse texto é a Caatinga.

A Caatinga

Caatinga é um bioma que tem seu nome derivado da língua tupi: ka’a significa mata e tinga significa branca, ou seja, “mata branca”, devido à característica da vegetação de apresentar poucas folhas. É encontrado, em sua maioria, no Nordeste, nos estados de Maranhão, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba, além de pequena parte no norte de Minas Gerais (Sudeste).

O bioma se estende por cerca de 850 mil km² (dez por cento do território do país) e é caracterizado por um bioma de clima seco, frágil e, geralmente, um solo pobre em nutrientes.

A Caatinga tem seu próprio dia nacional no calendário brasileiro. O dia de 28 de Abril foi escolhido como o “Dia da Caatinga” a fim de homenagear o biólogo João Vasconcelos Sobrinho, que dedicou sua vida a estudos sobre esse bioma.

Vegetação da Caatinga

A Caatinga é um bioma que existe apenas no Brasil e, por isso, tem características únicas, não encontradas em outra parte do mundo. A vegetação da Caatinga é caracterizada por plantas adaptadas à condição árida do clima e solo pobre de nutrientes (plantas xerófitas). Por ser um bioma de grande extensão, algumas áreas da Caatinga podem se diferir bastante no aspecto físico de outras áreas.

As plantas xerófitas são vegetais com grande capacidade de armazenar água, com elementos que dificultam a evaporação do líquido para o ambiente. Em geral, possuem espinhos e são produtoras de frutos e flores, embora tenha quantidade reduzida de folhas. Suas raízes são geralmente grandes, adaptando-se a necessidade de buscar água em lugares profundos.

São exemplos de plantas xerófitas:

  • Xique-xique;
  • Pitaia;
  • Mandacaru;
  • Opuntia;
  • Cacto-bola;

Apesar de grande parte da vegetação da Caatinga ser de plantas xerófitas, este bioma apresenta grande variação em sua flora. Dessa maneira, é possível encontrar também plantas perenifólias, as quais não perdem suas folhas. Tais espécies são comumente encontradas próximas a cursos de rios e lagos, e alguns exemplos são:

  • Juazeiro;
  • Icó;
  • Carnaúba;
  • Bom-nome;
  • Oticica;

Tais espécies fogem do estereótipo sem folhas e com aspecto seco da vegetação da Caatinga. Por ser um bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga apresenta, dentre todas as suas 1511 espécies vegetais, 380 endêmicas, isto é, que só ocorrem neste lugar em todo o mundo.

Fauna da Caatinga

         Por ser um bioma de clima semiárido, o senso comum persiste em acreditar que a Caatinga possui pouca biodiversidade relacionada à sua fauna. Contudo, apesar de não apresentar a mesma imensa variedade de animais e espécies quanto uma floresta tropical, essa unidade biológica abriga várias espécies de vários grupos.

Mamíferos:

No quesito mamífero, é enorme a quantidade de espécies diferentes na Caatinga. Para ser mais exato, são 178. Alguns bons exemplos que podem ser citados: a onça-parda, a onça pintada, o guigó-da-caatinga, dentre outros. Algumas dessas espécies da fauna são endêmicas deste lugar, ou seja, não existem em mais nenhum outro lugar do mundo, como o caititu, o cachorro-do-mato, a cutia e o tatu-bola.

Répteis:

            As espécies de répteis existentes na Caatinga totalizam 177. Estas incluem diferentes grupos, como lagartos, crocodilos, serpentes e até serpentes de suas cabeças (anfisbenídeos). Algumas espécies de répteis são exclusivas desse bioma, como os dois integrantes do grupo Tropidurus (lagartos): Tropidurus cocorobensis e Tropidurus amathites, além das cobras Bothrops erythromelas e Epictia Bothrops.

Também integram os répteis, espécies mais conhecidas, como a cascavel, jiboia, cágado e o jabuti.

Aves:

            É o grupo com maior diversidade na Caatinga, contando com mais de 591 espécies. Algumas podem ser citadas, como o Periquito de Cara Suja, a Jacucaca, a Arara Azul de Lear e a Ararinha Azul. Muitas dessas espécies estão ameaças de extinção, como o Soldadinho do Araripe.

A Ararinha Azul é uma espécie de cor forte azul que é endêmica da Caatinga. Entretanto, esta ave não existe mais de modo natural, sendo encontrada apenas em cativeiro.

Peixes:

            São encontradas na Caatinga mais de 220 espécies de peixes, em rios e lagos. O rio mais importante desse espaço geográfico é Rio São Francisco. Nele são abrigas espécies conhecidas, como o peixe-dourado, pacamã e o surubim. Os peixes são de grande importância econômica e social em toda a extensão do Nordeste e da Caatinga.

Extinção:

            Um número elevado de espécies de todos os tipos e grupos estão ameaçados de extinção na Caatinga. Isso se deve a prática de caça ilegal, queimadas, desmatamento e tráfico de animais.

Algumas espécies endêmicas da Caatinga são encontradas apenas em cativeiro e estão em alto risco de extinção nos próximos 20 anos.

Clima da Caatinga

         O clima que se estende pela Caatinga em sua maioria é o clima semiárido. É um clima que se caracteriza pelo calor e escassez de chuvas. A média de temperatura no ano chega próxima a 28ºC.

Outras características desse clima é apresentar má distribuição das chuvas, pouca umidade no ar, baixa amplitude térmica (variação de temperatura) e um solo seco e com poucos nutrientes.

Em 1951, foi criado o termo chamado “Polígono das Secas” para nomear a área atingida pela Caatinga. Devido à interferências do homem (aquecimento global) e outros fenômenos climáticos, a área vem crescendo constantemente.

Para melhorar a situação dos ambientes que ainda não passarem pelo processo de desertificação são instalados sistemas de irrigação proveniente das águas do Rio São Francisco. A partir daí, várias cidades como Petrolina, Juazeiro e Lagoa Grande, passaram a ser importantes produtoras de frutas e verduras com distribuição em toda a região Nordeste.

Processo de Desertificação

         Estima-se que mais de 11% do território total da Caatinga já tenha passado processo de desertificação.

Esse termo, criado durante a Convenção das Nações Unidas de Combate a Desertificação, significa o empobrecimento total do solo, devido a ações climáticas em fenômenos naturais, ou, na maioria das vezes, com interferência do homem.

No caso da Caatinga, a desertificação do solo é uma combinação das duas coisas. Devido a anos de má utilização do solo e desmatamento contínuo para extração de lenha, o processo de desertificação se intensificou, mas já existia. Isso devido ao fato da posição geográfica do lugar. Montanhas e acidentes geográficos impedem o trânsito de ondas de ar úmido que vem do Oceano Atlântico, ocasionado tal processo.

Vários projetos de sistemas de irrigação foram idealizados para impedir a total desertificação do solo na Caatinga, discutidos principalmente em 1994, na Comissão contra a Desertificação, promovida pela Organização das Nações Unidades (ONU).

Curiosidades sobre a Caatinga

Apesar do processo de desertificação e todos os problemas com a falta de chuva que envolve a Caatinga, podemos citar algumas curiosidades acerca do único bioma exclusivamente brasileiro:

  • O Bioma possui mais de 300 espécies endêmicas;
  • É o lugar no Brasil com maior diversidade em espécies de formigas;
  • As plantas da Caatinga podem armazenar água sem deixa-la evaporar por mais de meses;
  • O solo pode suportar temperaturas muito altas, chegando até a 60ºC;
  • Ocupa mais de 70% da extensão territorial do Nordeste;